O jardineiro conversava com as flores e elas se
habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou
escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara,
ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de
natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol
chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma
situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca,
entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a
terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado
diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E o mandou
embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o
jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham
induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol,
que não se conformava com a ausência do homem.
"VOCÊ O TRATAVA MAL, AGORA ESTÁ
ARREPENDIDO?"
"NÃO, RESPONDEU O GIRASSOL, ESTOU TRISTE PORQUE AGORA NÃO POSSO
TRATÁ-LO MAL. É A MINHA MANEIRA DE AMAR, ELE SABIA DISSO, E GOSTAVA".
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